Por: Roberto Patriota //
Foto: Arquivo
Nos últimos trinta anos venho tendo o privilegio de acompanhar de perto o desenrolar da vida política, social e econômica da região do Mato Grande, em particular da amada Touros, "terra santa dos meus pais" na verve do escritor e poeta Luiz Patriota. A cada nova eleição municipal que se anuncia, uma nova esperança brota no sentimento popular de todos, principalmente no coração daqueles menos favorecidos. Em recente conversa semanal com já tradicional grupo de amigos/parentes me veio a mente a Touros de ontem, e a de hoje, certamente bem mais prospera e encorajada a desafiar os novos tempos que aquela Touros tímida e acanhada do florescer anos oitenta.
DE 1982 - 1988
A eleição do ex-prefeito Pedro de Andrade Ribeiro representou na época uma renovação siguinificativa para Touros, os mais jovens certamente desconhecem, mais durante mais de uma década foi ele o maior líder político do município e para muitos, era político imbatível nas urnas. Pedro Ribeiro representou no inicio dos anos oitenta uma aposta nas mudança e no desenvolvimento de Touros, e foi ele quem sucedeu o então prefeito Pedro Ferreira de Farias, o "Pedro Chimbinha". Em seis longos anos de administração conseguiu se consagrar como home probo e trabalhador, muitos ainda afirmam hoje pelas ruas de Touros que era "um bom pagador", não atrasava salários de servidores nem compromissos com fornecedores. Esse fato no entanto não impediu que seu candidato e sobrinho, Dr. Heriberto fosse derrotado nas eleições municipais de 1988 pelo então estreante e forasteiro Carlos Alberto Câmara de Carvalho, o "Carlão". Longos mandatos e reeleição costumam acumular muita rejeição e desgaste político, e seu Pedro não escapou da corrosão política provocada ainda mais nos longos períodos de poder. Mesmo derrotado nas eleições de 1988, nunca deixou de ser uma alternativa política para muitos tourenses.
DE 1989 - 1992
De todos os nomes da política recente de Touros, nenhum deles teve uma conotação popular e de esperança quanto Carlão. Seu discurso fácil, seus projetos futuristas e seu carisma pessoal em cima de uma postura elegante de 1,82 metros de altura conseguiu alavancar uma campanha política surpreendente e emocionante para o eleitorado tourense. Carlão foi sem sombra de duvidas a grande aposta política de Touros, talvez a maior delas em todos os tempos. No entanto, no poder não conseguiu colocar em prática exatamente o que pretendia, nem muito menos o que ansiava o povo carente e acostumado ao assistencialismo desenfreado, nem tão pouco a elite política de então. Foi vitimado por uma política adversária conservadora e impiedosa. Também lhe faltou a valorosa experiência política/administrativa que só um bom preparo acadêmico, ou anos de experiência na vida pública conseguem fornecer. Com a vivencia que adquiriu com o tempo teria obtido enorme sucesso como gestor e mudado o perfil político de Touros em definitivo já naquela época. Mas o desenrolar da sua gestão teve um contorno diferente.
DE 1993 - 1996
A eleição de Heriberto Ribeiro de Oliveira, mais conhecido por Dr. Heriberto foi mais uma aposta na mudança política/administrativa. Derrotado em 1988 por Carlão, Heriberto possui forte carisma pessoal. Temperamento cordial e amigo da comunidade, tendo fácil transito na casa do eleitorado em função a sua profissão de médico, imprimiu uma linha populista e assistencialista de governar. Foi mais assistencialista que gestor, embora tenha conseguido através de parcerias com o Governo do Estado consolidar algumas obras de cunho no município. Muito habilidoso no trato pessoal, terminou também pecando pelo despreparo administrativo. Mesmo assim deixou o poder com a imagem de um homem generoso e prestativo, isso foi ponto crucial para o seu retorno ao Palácio Porto Filho anos depois.
DE 1997 - 2004
O período Josemar França chegou com uma lacuna de pelo menos oito anos, o ex-prefeito era um dos pré-candidatos favoritos ao pleito municipal de 1988. Terminou por abrir mão da sua candidatura para o então pré-candidato Carlão, que acabava de romper com Pedro Ribeiro. Um acordo político que envolveu até o então governador da época, Geraldo Melo fez Josemar aceitar a vice-prefeitura. Detentor de um temperamento sanguíneos e inquieto, Josemar França certamente foi um dos prefeitos que mais realizou obras. Seu primeiro mandato de 1997 a 2000 marcou um período prospero para o município em vários aspectos. No entanto esse temperamento por vezes explosivo, lhe ocasionou várias baixas e inimigos ocultos dentro da sua administração, o que terminou por gerar uma suada e difícil reeleição na campanha do ano 2000, contra o ex-aliado Heriberto de Oliveira. Reeleito, no segundo mandato Josemar não conseguiu repetir o sucesso do seu primeiro período, voltou com menos pique. Do seu temperamento explosivo uma virtude, não é homem de primeira informação, sempre procurava confrontar as duas partes envolvidas para deixar o fuxico (tão comum e perniciosos no mundo do poder), as claras. Embora tenha imprimido uma marca forte de trabalho e realizações deixou o poder com uma margem de rejeição alta, fato que acabou contribuindo para sua derrota na tentativa de volta ao poder em 2008.
DE 2005 - 2008
Depois de oitos anos a dobradinha Josemar/Heriberto volta ao contexto de Touros. Em uma eleição das mais quentes contra Carlinhos do Cartório termina culminando com a eleição de Heriberto ao poder. Essa segunda fase de administração foi bem mais complicada que a primeira, a começar pela própria eleição e logo em seguida quatro meses de afastamento determinado pela justiça. Heriberto terminou por carregar o mandato como pode, muitas vezes entregue as atribuições de sua competência a auxiliares. No entanto continuou imprimindo o lado assistencialista e menos administrativo, mas com menos sucesso que na primeira experiência. Ao fim do mandato e com um índice alto de rejeição não achou prudente concorrer a reeleição e terminou por apoiar Marcos Ferreira de Farias, o Marcos Chimbinha, o candidato que venceu a eleição de 2008 mas não assumiu.
DE 2009 - 2012
Marcos Chimbinha almejava chegar ao poder municipal há pelo menos 25 anos. Poderia ter chegado diretamente, mas escolheu chegar por tabela. Um fato inédito na história política de Touros marcou as eleições de 2008. Embora tenha sido candidato até os 45 minutos do segundo tempo, nos últimos minutos da prorrogação Marcos Chimbinha resolveu desistir da sua candidatura e colocou em seu lugar a esposa Luciana Farias. Noventa e nove por cento dos eleitores que foram as urnas só se deram conta da mudança depois do pleito. A prefeita eleita, Luciana Farias assumiu uma prefeitura cheia de mazelas e problemas administrativos. Levou todo o mandato em sanear a casa e tornar a gestão funcional. Do meio do mandato para frente conseguiu realizar muitas obras importantes para o município, muitas na zona rural. Embora tenha estabelecido um estilo administrativo sério e quase nada assistencialista terminou esquecendo o lado político das negociações e do toma lá da cá, prática essa tão antiga e ultrapassada, mas ainda em pleno vapor em regiões pobres e carentes como a nossa. Na campanha de reeleição não conseguiu ser compreendida pela maioria da população e terminou sendo derrotada nas urnas pelo candidato Ney Leite por elevada margem de votos.
2012 - A VEZ DE NEY
Vereador atuante e barulhento, figura de temperamento determinado e aguerrido, Ney Leite realizou uma campanha inicialmente difícil, aos poucos foi derrubando as barreiras e crescendo politicamente em todo o município ao ponto de conseguir consolidar sua candidatura. No entanto seu destino político foi consolidado quando o então candidato Carlinhos da Biomar acometido por problemas de saúde logo depois da sua convenção partidária, foi obrigado a desistir da candidatura. Esse fato fez com que nada menos que noventa por cento (90%) do grupo que apoiava Carlinhos da Biomar passasse a apoiar Ney Leite. A oposição que ia as urnas dividida caminhou unida, fato que favoreceu bastante a vitória de Ney.
Dizia o dramaturgo Victor Hugo em suas anotações: "Os políticos são breves, os melhores e os piores passam, deles fica apenas o que conseguem fazer de bom". Com a eleição de Ney Leite para o quatriênio 2013 - 2016, vamos todos desejar que o novo prefeito eleito de Touros, seja a somatória de todos os anseios populares, e que consiga nos próximos quatro anos futuros realizar tudo aquilo que tanto Touros precisa para entrar de uma vez por todas no caminho do pleno desenvolvimento que o mundo competitivo atual exige. É esse certamente o desejo de todos aqueles que verdadeiramente sentem amor e sede de prosperidade para o futuro da Esquina do Brasil.
*Roberto Patriota é jornalista e Gestor Imobiliário
pela Universidade Luterana do Brasil - ULBR

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